quinta-feira, 26 de maio de 2011

A noviça rebelde da política

A atual crise política, para aqueles que acompanham com isenção e sem emoção os desdobramentos do jogo político brasileiro, já era previsível desde o anúncio da candidatura de Dilma Rousseff a Presidência da República. Pela paixão ao petismo e ao esquerdismo, a maioria da imprensa brasileira e o eleitorado não percebiam aquilo que é fato: A atual Presidente não sabe "fazer política". Não tem jeito pra coisa, sua formação é técnica.

Desde o início do governo, a grande imprensa - e por isso a revista CartaCapital não a critica - brindou a Presidente por ter uma característica antagônica ao do seu antecessor: Ela fala pouco. Dizem que faz muito. Prefiro até a característica de "falar pouco", no entanto, o que se viu, não foi o "falar pouco" e sim o "falar absolutamente nada", inclusive com os aliados nos bastidores. Simplesmente porque ela não tem nada a dizer ou acha que não tem que dar satisfação a ninguém. Acha que pode governar sozinha e no murro.

A aprovação do Código Florestal na Câmara dos Deputados evidencia a insatisfação da base com esse método. A aprovação se deu com maioria irrestrita da base aliada, não porque a bancada ruralista é maior que a bancada ambientalista, mas porque o PMDB está insatisfeito. Encara com descaso o tratamento a que a Presidente lhe dá. Na verdade, isso nada mais foi que um recado: O PT não tem que ficar com tudo, tem que dividir o bolo com a base.

O líder do PMDB na Câmara e futuro presidente da casa, Henrique Eduardo Alves, foi claro: O partido também é governo. "Quando o PMDB ganha, o governo também ganha", disse ele na votação do Código da polêmica. "Por isso votaremos a favor do código e contra a proposta do PT", completou. Traduzindo: não é só PT que merece o poder. Os aliados também merecem.


Aldo Rebelo, relator do prejeto, que está nesse jogo a muito tempo, diga-se de passagem, saiu extremamente fortalecido e prestigiado do confronto.

Não faço crítica a favor ou contra do modus operandi da política brasileira neste post. O problema é que funciona assim e não se consegue mudar isso dando um murro na mesa e muito menos a curto prazo. Muda-se, sim, a longo prazo e fazendo política. E Dilma tem dificuldades com isso.

Quem sabe realmente fazê-lo é Antônio Palocci. E, diga-se, foi "contratado" por Dilma para isso. O problema é que este está enfraquecido em virtude de denúncias do Jornal Folha de São Paulo em função do seu "mágico" enriquecimento. Foi chamado, então, quem tem força pra mudar o quadro e sabe fazer política: Lula. Os primeiros diagnósticos? Parece que escuto o ex-Presidente: "Dilma, o PMDB está insatisfeito. Não pode". "A bancada cristã está insatisfeita com o tal "Kit Gay". "Manda proibir isso aí e fala que não tinha conhecimento. E que se dane se o Bolsonaro fala disso a mais de dois anos". "Põe a culpa nos tucanos, nos demos, mas fala alguma coisa". Ou seja, Dilma está sendo conduzida. Ou melhor, reconduzida a Casa Civil e Lula ao gabinete presidencial. ou isso ocorre ou o PT sai do poder em 2014.

Dilma não sabe fazer política. Não sabe o que fazer pra falar a verdade. É a noviça rebelde da política. Lula sabe. Melhor, sempre soube. por isso escolheu a pior candidata para não ter trabalho para voltar de onde ele acredita que nunca deveria ter saído: da cadeira presidencial.