Quando mais novo, morria de raiva ao escutar um advogado falar. Achava ridículo aquela coisa metida de ficar falando em latim ou com aquele português que mais parecia-se com, hum...sei lá, uma língua qualquer aí. Era um tal de ad exemplum, causa mortis, erga omnes, entre outras expressões que me enlouqueciam. Pensava, "porque tanta frescura?". Hoje compreendo que cada ciência têm a sua linguagem. Um jurista vai falar expressões com as quais o mundo do Direito exige assim como uma médica vai falar a língua da saúde.
Na verdade, acho hoje, tinha raiva de quem se esforçava em falar difícil. Entendo que o difícil é falar fácil. E isso se aplica a todos, um dos maiores intelectuais brasileiros, Rui Barbosa, passou por uma situação, digamos, embaraçosa, justamente por isto.
Leiam abaixo um conhecido conto popular, em que Rui ameaça um ladrão de galinhas que tentava surrupiá-las de seu quintal:
— Não o interpelo pelos bicos de bípedes palmípedes, nem pelo valor intrínseco dos retrocitados galináceos, mas por ousares transpor os umbrais de minha residência. Se foi por mera ignorância, perdôo-te, mas se foi para abusar da minha alma prosopopéia, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que dar-te-ei tamanha bordoada no alto da tua sinagoga que transformarei sua massa encefálica em cinzas cadavéricas.
O ladrão, todo sem graça, perguntou:
— Mas como é, seu Rui, eu posso levar o frango ou não??
— Mas como é, seu Rui, eu posso levar o frango ou não??
Como é que esse pobre ia se defender destas palavras? Portanto, o uso da linguagem na ciência é correto, mas nem por isso, é preciso apagar da memória a chamada "linguagem popular". Agora, continuemos com os métodos científicos.
Cada ciência tem um método diferente de averiguação. Todas tem um processo específico de pesquisa e, por isso mesmo, são chamadas assim, de ciências. A Economia tem que trabalhar com dados concretos, sem a possibilidade de realizar-se testes, como por exemplo, às ciências exatas. Em geral, as ditas ciências humanas, como a Economia e o Direito, são aplicadas desta forma. Só se vê o resultado depois de testar com o mundo. Talvez por isso, tenho uma implicância com a tal "Economia Matemática". Economia nunca vai ser uma ciência exata, justamente pelos seus métodos científicos. Exemplificando, não há possibilidade de pedir para ratos de laboratórios cometerem crimes, ou para galinhas gastarem mais dinheiro com ovos para ver se o impacto inflacionário na produção vai ser forte ou fraco.
Aonde quero chegar com esse papo todo? Ah! você está novamente puxando saco das suas "queridinhas". Não! Não tenho motivo nenhum para isso, mas, vejam bem, os economistas por exemplo, "volta e meia" são acusados de não preverem o futuro. Viu essa crise global? Por que vocês não nos avisaram? Por que não previram que a inflação ia subir? E assim vai.
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