sábado, 22 de maio de 2010

Manda quem pode, obedece quem tem juízo!


Esse pequeno ditado popular é alvo de muitas pesquisas de vários cientistas sociais. Em todas as civilizações, sociedades organizadas e não organizadas, existem formas de dominação. Quem se submete às ordens é o dominado e quem, legitimamente manda, é o dominador. Um dos grandes cientistas sociais que estudou teorias sobre o assunto foi Maximillian Carl Emil Weber ou, para os íntimos, Max Weber.

Para ele existem três tipos de dominação. Uma Racional-Legal, ditada por um estatuto, outra na forma tradicional, onde quem manda é a família, e mais uma, chamada de carismática, que quem a exerce, é dotado de um poder supremo. Uma "lábia" muito forte.






Explico-me.

Existem três formas de mandar na qual as pessoas legitimamente obedecem - legitimamente é diferente de legalmente, sendo essa última, ligada à fatores sociais que não são necessariamente jurídicos como os advindos legalmente.

A primeira, na qual ele se refere como racional, é esta do trato com as leis. A sociedade se organiza, gera um documento; no caso brasileiro, a Constituição Federal onde está escrito quem pode mandar, quem faz cumprir e quais as punições a quem não obedecer. Lembrando-se que o Estado Brasileiro é na verdade, a empresa brasileira que lida com a empresa espanhola, com a empresa canadense e, portanto, a empresa pública do Brasil. Podemos colocar então, que é a mesma forma de dominação que o dono da Conveniência exerce sobre seu empregado. Empresa privada. É um poder legitimado com base em um documento, na qual, quem obedece concordou em obedecer. É o presidente da República e os eleitores, o empresário e os empregados.

A segunda, a chamada tradicional, é baseada na família. Não está escrito em nenhum lugar que o seu pai manda em você, mas se ele mandar, você tem que obedecer(ou pelo menos deveria!). É um poder baseado no eterno ontem. Por que você obedece seu pai? Provavelmente, além do respeito natural, porque ele obedecia ao pai dele. É tudo aquilo do nepotismo. Quem é daquela casta está sob a proteção da família,ou porque você acha que o Sarney(presidente do Senado) empregou o seu genro em órgão público? Ou ainda, para fugir da política, no romance de Mário Puzo, "O Poderoso Chefão", tudo é feito para satisfazer às vontades da família, não importando as leis e sim os seus irmãos de sangue e apadrinhados. 

A terceira é um tanto quanto fascinante ao mesmo tempo em que é a de menor(no sentido figurado é claro) duração das três. É aquela gerada pelo carisma. Pelo séquito. Um líder extraordinário que domina as pessoas pelo que fala, pelo que pensa. Ele, geralmente, destrói tudo aquilo que antes existia para construir um novo. O maior líder carismático de todos, na minha opinião é claro, é Jesus Cristo. E fez exatamente assim, destruiu(não me entendam mal, leiam mais adiante) o que existia e criou o novo. Jesus, frequentemente, como cita a bíblia diz: "Está escrito..., porém vos digo". Sem a visão apaixonada que a fé leva, observa-se que ele eleva o máximo o que diz(constrói) desqualificando os fatos ou leis anteriores(destrói). Dalai-Lama é líder carismático, Hitler, Pinochet, Padre Cícero, Paiva Neto e Lula também. Esse último por sinal é o motivo pelo qual estou escrevendo tudo isso.

O fato me preocupa. Lula é um líder carismático que, portanto, conforme deixei implícito acima, não obedece à regras para exercer o seu domínio. O problema é que ele assumiu um poder, o racional-legal, que é burocratizado, cheio de regras, onde é necessário obedecer ao estatuto, o documento imposto à todos. E porque me preocupa? Com isso ele confundiu a cabeça dos seus dominados. E a sua também. Talvez por esse motivo, nos últimos dias, vêm enfiando os pés pelas mãos em alguns assuntos, principalmente os internacionais. Quando chegar a hora de entregar o poder racional vai continuar exercendo o poder carismático confundindo a cabeça de quem tem que decidir qual o melhor candidato para assumir a racionalidade, a burocracia do estado. Um líder carismático não tem substituto e, por esse motivo, Sua liderança termina ao mesmo tempo em que termina a sua vida. Fica apenas a devoção, a lenda. Com o líder Lula vivo, vamos ver eleitores querendo colocar um novo Lula no poder e, por isso mesmo, vão se decepcionar. Decepção é fonte de muitas coisas ruins e por isso preocupa-me.

Tento não ser pessimista, mas enxergar a realidade não é bem ser pessimista. É tomar cuidado onde pisa para não escorregar.


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