terça-feira, 27 de julho de 2010

O retrato de um desastre



Pode demorar um tempo, mas cedo ou tarde, a bomba vai estourar no Brasil. E isso, não é papo de quem torce contra. Quem me conhece, sabe, o quanto que o meu "sangue" é ufanista. Do que estou falando? De crises financeiras que assolam o mundo, de tempos em tempos e, sempre tem o centro de erupção em um país soberbo. 

O certo é que, em Economia, não têm como, apesar de complexos cálculos matemáticos extremos, evitar que os países sofram por momentos de baixa em suas economias. Até porque, a Economia é uma Ciência Social e não uma ciência exata. Economicamente falando, não se ganha o tempo todo e nem se perde o tempo todo. Agora, crises podem ser evitadas! Com medidas que dêem aos mercados liberdade para se auto-regularem, cuidando dos excessos em gastos públicos. E, ainda, não só os excessos, mas os gastos errados.

Eu acredito que, gastar mal os recursos financeiros de uma nação inteira é muito pior do que a corrupção - apesar que corrupção é um gasto mal feito só que antes de tudo um crime. Peguem um exemplo simples, aí da casa de vocês. Vejam só,  vocês comprariam um Volkswagen Gol 1.0 por R$ 60.000,00? Comprariam um detergente por R$ 30,00? Comprariam um saco de 1 Kg de arroz por R$ 50,00? De jeito nenhum. E, para que entendam o texto que reproduzirei abaixo do Professor Dr. Adolfo Sachsida, emprestariam suas economias, suponhamos R$ 40.000,00, ao seu tio distante  se, não tivessem a certeza que o receberia de volta? Só o fariam com um contrato assinado, com bons bens em garantia não é? Claro.

O que faz o governo hoje é gastar mal o dinheiro público e, além, empresta mal os recursos, sem  garantia certa de recebimento com a desculpa de que é necessário ajudar os pobres. A bolha no Brasil vai estourar, não sei quando, mas vai e quem vai pagar o pato são os mais necessitados. A classe média sempre dá o seu jeitinho, os ricos têm dinheiro guardado e os pobres passam fome.


E, pra mim, uma das primeiras cidades a cair na real, vai ser minha adorada cidade natal. Podem me cobrar depois.

Abaixo um texto, se a minha opinião de nada contar, de quem tem Pós-Doutorado em Economia nos Estados Unidos, adquirido com menos de 40 anos de idade, o professor Adolfo Sachsida à quem, tive o orgulho de ser aluno:


"A crise americana assustou o mundo. Mas parece que o Brasil não aprendeu a lição. Tudo que deu errado nos Estados Unidos no passado recente está sendo posto em prática pelas autoridades brasileiras. Expansão do crédito acima da capacidade da economia, crédito abundante para pessoas com capacidade de pagamento duvidosa, operações financeiras que alavancavam o desastre, mudança nas garantias de empréstimo das empresas, juros subsidiados, e uma política monetária frouxa para estimular o crescimento do setor imobiliário. Tudo isso está sendo feito no Brasil.

Vamos começar pela seguinte matéria: “Em janeiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou as estatais federais a incluir ativos reais (como terrenos e prédios) nas garantias, dispensando os serviços das seguradoras. No mês passado, o CMN anunciou uma medida similar. Os fundos de pensão que integram as SPE foram autorizados a oferecer garantias em obras de infraestrutura. Anteriormente, os fundos eram proibidos de contribuir com as garantias, e as ofertas tinham de ser cobertas pelos demais sócios do projeto”. Pergunto: quem impedirá as estatais de inflar o valor das garantias? Veja agora que temos aqui um fato curioso: o mercado quer o dinheiro das estatais, as estatais querem investir, e o governo que deveria fiscalizar a operação é parte interessada no aumento dos empréstimos. Notaram? Todos os entes envolvidos têm estímulo para inflar a garantia. Com as garantias infladas projetos que antes não seriam economicamente viáveis tornam-se agora artificialmente viáveis. Dando uma noção equivocada da eficiência econômica, estes projetos alocam erradamente os recursos distorcendo e diminuindo a produtividade da economia.

Segunda matéria: “A securitização consiste na transformação da carteira de crédito em um ativo financeiro. A instituição divide a carteira em partes e as vende como títulos no mercado”. Os recursos para financiamento da casa própria estão acabando. Qual a solução do governo? Aumentar ainda mais o crédito para pessoas com dificuldade de pagamento. O que a Caixa Econômica Federal está fazendo é muito similar ao lançamento dos títulos sub-prime nos Estados Unidos. Nada contra uma empresa privada financiar a compra de imóveis para pessoas com capacidade de pagamento duvidosa. Isso é mercado, arrisca-se nessa operação quem quiser. O problema aqui é que essas operações estão sendo feitas por um banco que tem garantia de solvência dada pelo Tesouro Nacional. Ou seja, esta conta inevitavelmente será paga pelo contribuinte brasileiro.

Por fim, a pérola: “De um lado, o Banco Central deverá reduzir os depósitos compulsórios incidentes sobre a caderneta de poupança. De outro, o Ministério da Fazenda dará isenção do Imposto de Renda nas aplicações realizadas por pessoas jurídicas em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI)”. Notem que a remuneração desses títulos já está entre 7,5% e 11% mais IGP-M, exatamente por que o governo acredita que precisa estimular ainda mais esse mercado? Temos aqui a união da política monetária com a política fiscal para estimular um mercado que já está extremamente aquecido. A conseqüência óbvia disso é a explosão de preços no mercado imobiliário.

Para o desastre ficar ainda maior, e atingir também o setor financeiro como um todo, só faltam duas medidas: a) o governo autorizar que o setor financeiro receba Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) como garantia de empréstimos. Ao fazer isso o governo estará autorizando empresas a investirem em CRI para os usarem como garantias na aquisição de empréstimos (devolvendo assim o CRI para dentro do setor financeiro); e b) a CEF dar garantias de recompra automática de CRI.

Quando esta bomba estourar, não adianta dizer que foi a ganância do mercado a responsável. O governo brasileiro é quem está conduzindo nossa nação para o precipício. A idéia do governo é boa: ajudar a população carente a ter casa própria. Contudo, os instrumentos adotados para tanto estão completamente equivocados."


Encerro


Depois, um bando de analistas (economistas inclusive) e comentaristas de plantão, todos sem futuro e com interesses políticos, tentarão achar um culpado de acordo com o que lhes convir. A bomba vai estourar no colo do povo, podem ter certeza e, esse, de acordo com quem conseguir influenciá-lo, vai achar o seu culpado. Pode ser a Dilma, a Marina ou o Serra, se não fizerem nada para impedir. Ou alguém lá mais na frente.



3 comentários:

  1. Felizmente para o mundo, as PREVISÕES dos economistas nunca se confirmam, a analise é procedente mas quando os ANALISTAS resolvem prever o futuro quebram a cara, independente da sua formação. A historia esta escrita para confirmar.

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  2. "As previsões dos economistas nunca se confirmam".

    É de certa forma pertinente o que você diz, entretanto, não sei se fui claro, a Economia não é uma ciência exata e, então, quando qualquer pessoa se mete a prever o que vai acontecer quebra a cara.

    O intuito do texto de Sachsida e do meu não é de fazer previsão e, sim, de observar o passado e indicar os erros cometidos por outras economias, no caso, a americana. Com isso apontar que é muito forte a TENDÊNCIA de crise do setor no Brasil.

    "Quem não conhece o passa está condenado a repeti-lo."

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  3. Apenas um detalhe, as diferenças entre o que ocorreu nos EUA e o que ocorre no Brasil são imensas, o grande problema dos EUA foi e continua sendo a desregulamentação do setor financeiro.
    Um abraço "Salt"

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